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23 de junho de 2021

Ema Paulino é a nova Presidente da Associação Nacional das Farmácia de Portugal

A farmacêutica comunitária Ema Paulino tomou posse como presidente da direção da Associação Nacional das Farmácias (ANF) para o próximo triénio. “Hoje é um dia especial na minha vida”, admitiu a farmacêutica ao abraçar o que considera ser um desafio de “enorme exigência”, de "defesa e valorização do contributo das farmácias para o sistema de saúde".

No seu discurso de posse, a nova presidente da ANF enumerou as linhas programáticas para o mandato que agora inicia, destacando a autonomização dos universos associativo e empresarial da associação, a diversificação e atuação em novas áreas indispensáveis ou a transformação digital, lembrando a história e o caráter pioneiro do setor farmacêutico nacional na adoção da soluções tecnológicas e inovadoras, de que a automação, a prescrição e dispensa eletróncia de medicamentos ou o acompanhamento remoto da efetividade terapêutica são apenas alguns exemplos.

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Ema Paulino reforçou o compromisso das farmácias para com saúde do país. Dirigindo-se à ministra da Saúde, pediu ao Governo para que "olhe para as farmácias como parte da solução que pais precisa para os desafios que atravessa”.

 
"Esta crise global de saúde submeteu-nos a um teste muito desafiante. […] Tornou-se ainda mais óbvio o que significa um mundo sem vacinas em termos de carga global de doença, perda de vidas, impacto económico. […] Vimos como as doenças não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, respiratórias, a diabetes ou o cancro não representam um enorme peso por si só, mas predispõem as pessoas que as têm às formas mais graves de outras doenças, como a gripe ou a COVID-19", lembrou.
 
Na sua opinião, os governos devem "repensar os sistemas de saúde, a investigação científica e reconhecer e apoiar os profissionais e instituições de saúde. Todos somos necessários quando se trata de tornar os sistemas de saúde eficientes e sustentáveis", disse.
 
"Os farmacêuticos e as farmácias não são exceção. Têm um papel a desempenhar na saúde publica, na educação para a saúde e na prevenção da doença, na preparação e resposta de emergência, na garantia do acesso aos medicamentos e na sua utilização responsável, assim como na melhoria da sensibilização para a vacinação”, elencou a nova presidente da ANF, lembrando que estas unidades de saúde permaneceram abertas durante todo o estado de emergência, garantindo o acesso aos medicamentos, dispositivos médicos e demais produtos de saúde, assim como os cuidados farmacêuticos necessários ao cidadão.
 
"Em vários países, as farmácias intensificaram os serviços domiciliários, foram autorizadas a efetuar renovação da terapêutica a pessoas com doença crónica, a procurar alternativas para medicamentos em escassez ou rutura no circuito e a dispensar medicamentos que, normalmente, são dispensados pelos serviços farmacêuticos hospitalares. As farmácias desenvolveram soluções que permitiram dar continuidade à relação de proximidade que estabeleceram com a população que servem, mesmo no contexto do distanciamento físico", recordou.
 
Ema Paulino considera que "as farmácias continuarão a ser uma porta de entrada para o sistema de saúde e um recurso importante para o acompanhamento da população", manifestando o desejo de reforçar o caminho de implementação de serviços que otimizem os ganhos em saúde, no contexto de uma nova normalidade". 
 
Contudo, disse a nova presidente, "merecemos fazê-lo com a formalização e o respaldo legislativo e regulamentar necessário à sua sustentabilidade e escalabilidade. Somos bons ouvintes, sabemos porque a população nos procura, temos competências para identificar as suas necessidades. Queremos colocar este conhecimento e competências ao serviço do sistema de saúde e dos portugueses. Queremos fazê-lo num modelo sustentável para as farmácias, colaborativo com outros serviços e profissionais, integrado no sistema de saúde, centrado na pessoa, nas suas necessidades, expetativas e preferências ao longo da sua jornada de saúde", defendeu.
 
Nesse sentido, lembrou algumas propostas para diminuir o recurso às urgências hospitalares, para minimizar o impacto das ruturas de medicamentos, para proporcionar o acesso e acompanhamento da efetividade e segurança dos medicamentos, independentemente da sua classificação, para garantir a continuidade das terapêuticas ou para participar no esforço de testagem e vacinação neste contexto pandémico 
 
"Os próximos anos serão marcados pela implementação de um plano com um forte investimento na transição digital no sistema de saúde. As necessidades, expetativas e preferências estão a ditar o ritmo de mudança: maior acessibilidade a informação de saúde, mais foco na prevenção e no diagnóstico precoce, abertura de novos canais de comunicação entre profissionais e instituições, uma maior integração de cuidados são benefícios adicionais que podem aumentar a eficiência e sustentabilidade do sistema de saúde", concluiu a presidente empossada.
 
No encerramento da cerimónia de posse, a ministra da Saúde, Marta Temido, sublinhou também que as "farmácias são um pilar essencial no sistema de saúde português" e que a "integração entre as farmácias comunitárias e demais atores do sistema de saúde tem sido um ótimo exemplo de complementaridade e aproveitamento de sinergias no domónio da saúde pública".
 
Também a ministra destacou que as farmácias "nunca fecharam” durante o período pandémico que o país e mundo enfrentam. "Rapidamente se adaptaram à nova realidade pandémica, assegurando o seu funcionamento em segurança, com planos de contingência a medicamentos, dispositivos médicos, equipamentos de proteção individual, soluções antisséticas de base alcoólica às populações de todo o território”.
 
Marta Temido realçou ainda a capacidade de adaptação do setor, seja ao nível das instalações, dos serviços prestados ou na formação dos seus profissionais para cumprimento das normas e orientações emitidas pelas autoridades. "Adotaram medidas de proximidade, reforçaram processos de dispensa ao domicílio para abranger populações com dificuldades de mobilidade, em zonas confinadas ou até em cerca sanitária".
 
A governante referiu-se ainda à criação de uma linha assistência farmacêutica disponível 24 horas por dia ou à colaboração no esforço nacional de testagem contra o SARS-CoV-2 através da realização de testes, bem como à "inegável evolução do papel do farmacêutico para a promoção da saúde e qualidade de vida dos cidadãos".
 
A ministra referiu alguns iniciativas e projetos de colaboração que podem ser trabalhadas no futuro próximo, como a definição de "novos requisitos para instalação de novas farmácias, para a transferência de farmácias, aumentando o critério da distância entre farmácias, uma vez que nos últimos anos se tem verificado alguma concentração em zonas urbanas, onde a cobertura já se encontra assegurada, sem prejuízo da análise global de contexto". Por outro lado, mencionou também o incremento de soluções de proximidade, "como abertura de postos farmacêuticos efetivamente móveis e dependentes de farmácias em zonas rurais, designadamente através de condições adequadas para transporte e para dispensa de medicamentos de uma forma desconcentrada”, revelou Marta Temido.
 
A cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da ANF, eleitos para o triénio 2021-2023, decorreu no dia 22 de junho, no auditório da sede da associação, em Lisboa. O sufrágio realizado a 29 de maio elegeu a Lista A, liderada por Ema Paulino, recolheu 57,8% dos votos, contra 35,6% da lista F, liderada por Nuno Vasco Lopes, num universo de 2.376 votos expressos, o que corresponde a uma taxa de participação de 94,6% dos sócios da ANF inscritos no Caderno Eleitoral, uma das maiores participações de sempre em atos eleitorais da associação.
 
Licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Ema Paulino pertenceu à direção da ANF durante nove anos, entre 2003 e 2012, até assumir a presidência da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos, durante dois mandatos consecutivos. Em 2019, acompanhou a atual bastonária da Ordem Farmacêuticos no seu segundo mandato como representante dos farmacêuticos, como vogal da Direção Nacional, onde assumiu o cargo de Tesoureira. 
 
No seu percurso profissional e associativo destacam-se ainda as representações nacionais no Grupo Farmacêutico da União Europeia (PGEU) e na Federação Internacional Farmacêutica a(FIP), onde foi CEO interina e a primeira mulher a integrar o Comité Executivo, integrando também a delegação da organização à Assembleia Mundial da Saúde, da Organização Mundial da Saúde.
 
A nível nacional destacam-se ainda a participação nos trabalhos Comissão Técnica de Vacinação da Direção-Geral da Saúde, desde 2018, e, mais recentemente, na Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19. 
 
Em 2012, recebeu o galardão FIP Fellow e, dois anos depois, o prémio Almofariz para Figura do Ano. Em 2017, foi selecionada como uma das 100 gestoras da nova geração a nível nacional para o Círculo da Inovação, projeto do Expresso, SIC Notícias e NOS, e no ano passado, foi eleita membro correspondente da Academia Nacional de Farmácia Francesa.