Lusofonia

7 de novembro de 2017

Países lusófonos destacam-se no Congresso Mundial de Farmacêuticos

A Ordem dos Farmacêuticos de Cabo Verde é o mais recente membro aprovado para integrar a Federação Internacional Farmacêutica (FIP). Walter João, do Conselho Federal de Farmácia do Brasil, e Luís Lourenço, da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, receberam o reconhecimento FIP Fellowship durante a cerimónia de abertura do 77º Congresso Mundial de Farmácia e Ciências Farmacêuticas que decorreu em Seul, na Coreia do Sul entre 10 e 14 de setembro. Dos resultados do Congresso destacam-se ainda as recomendações sobre o controlo da resistência antimicrobiana e a resposta dos farmacêuticos em situações de catástrofe.

A presidente da FIP, Carmen Peña, defendeu na mesma cerimónia de abertura um maior investimento na força de trabalho farmacêutica, como forma de garantir a cobertura universal de cuidados de saúde em todo o mundo. Nesta edição do Congresso Mundial participaram 2603 farmacêuticos oriundos de 94 países.

Ordem dos Farmacêuticos de Cabo Verde integra FIP
Com a recente criação da Ordem dos Farmacêuticos de Cabo Verde (OFCV) e no âmbito do estabelecimento de vínculos com outras organizações congéneres a nível mundial, a OFCV foi convidada a aderir FIP. Tendo efetivado a sua inscrição no mês de agosto, a OFCV foi aceite, tornando-se uma organização membro da Federação. “Estamos muito satisfeitos em receber a Ordem dos Farmacêuticos de Cabo Verde como uma nova organização membro. A FIP está empenhada em apoiar o desenvolvimento desta organização recém-criada para os benefícios dos pacientes cabo-verdianos ", afirmou o presidente-executivo da FIP, Luc Besançon.

A adesão da OFCV à Federação é uma mais-valia para a Ordem cabo-verdiana e para Cabo Verde, haja vista que a FIP representa as ciências farmacêuticas a nível global, sendo uma respeitada instituição cuja missão consiste em "melhorar a saúde global através do avanço da educação farmacêutica, das ciências farmacêuticas e da prática farmacêutica, incentivando, promovendo e possibilitando uma melhor descoberta, desenvolvimento, acesso e uso responsável de medicamentos apropriados, económicos e de qualidade".

De realçar que a FIP foi fundada em 1912 e representa a profissão farmacêutica junto da Organização Mundial da Saúde (OMS), desde a criação desta última em 1948. As suas áreas de atuação agrupam-se em três grandes ramos: prática profissional, ciências farmacêuticas e ensino farmacêutico. Em todas elas, a FIP produz declarações de política, standards, guias de desenvolvimento profissional, relatórios de tendências e outras ferramentas que podem assistir as associações membros a promover o avanço da Farmácia nos seus países.

Honras atribuídas a farmacêuticos lusófonos
O galardão FIP Fellowship é atribuído pela organização desde 2007 e visa reconhecer membros a título individual que demonstraram capacidade de liderança em termos internacionais, que se distinguiram ou que contribuíram para o desenvolvimento das Ciências Farmacêuticas e/ou da prática farmacêutica e que bem serviram a organização. Walter Jorge João é o primeiro brasileiro a receber a honraria. Para o presidente do CFF essa homenagem é uma conquista a ser dividida com os 200 mil farmacêuticos brasileiros. O farmacêutico comunitário português Luís Lourenço também distinguido com o galardão, é membro do Grupo Profissional de Farmácia Comunitária da Ordem dos Farmacêuticos e integra o Comité Executivo da Secção de Farmácia Comunitária da FIP. É apenas o segundo farmacêutico português que recebeu este galardão, depois de Ema Paulino, atual presidente da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos, distinguida em 2012.
 
O papel do farmacêutico na gestão de desastres
Numa declaração política emitida durante o congresso realizado em Seul, a FIP afirma que os farmacêuticos, enquanto profissionais de saúde, têm o dever ético de prestar auxílio em situações de desastre, o que significa ter planos para responder adequadamente a desastres naturais ou provocados pelo Homem, por forma a limitar o seu impacto junto das populações.
"Nos últimos 10 anos, tem havido um número cada vez maior de desastres naturais. No mês passado, tivemos um grande tufão em Hong Kong, uma monção no Bangladesh e o furacão Harvey nos EUA, seguido de inundações devastadoras e muitas vidas perdidas. Com o aquecimento global, prevê-se que estes eventos se possam tornar não só mais frequentes, mas que possam também aumentar de gravidade. Nós, farmacêuticos, precisamos estar preparados. Não devemos esperar até que algo acontecer para pensar como agir. Os nossos utentes precisam de nós para acederem aos seus medicamentos e para aconselhamento durante uma situação muito stressante ", explicou a secretária da Seção de Farmácia e Emergência da FIP, Jane Dawson.
A nova declaração, intitulada "O papel do farmacêutico na gestão de desastres", recomenda também que os locais de trabalho dos farmacêuticos tenham um plano de avaliação e gestão de riscos, para que o efeito sobre a prestação de serviços nas farmácias durante um desastre seja minimizado. Esta declaração está em linha com as guidelines internacionais emitidas pela FIP, em julho de 2016, – "Respondendo a catástrofes: Diretrizes para farmácias”, que detalham ações para as diferentes partes interessadas, incluindo governos, farmácia hospitalar e comunitária, para prevenir, preparar, responder e recuperar de um desastre natural.

Recomendações sobre o controlo da resistência antimicrobiana
A abordagem "One Health", que reconhece que a saúde humana, dos animais e dos ecossistemas estão interligadas, deve ser aplicada em medidas para controlar a resistência antimicrobiana, sugere a FIP numa declaração política que foi aprovada na última reunião do Conselho, realizada à margem do  Congresso Mundial. Esta declaração apresenta uma série de novas recomendações aos governos e farmacêuticos para melhorar a abordagem às resistências antimicrobianas, no contexto "One Health", através do desenvolvimento, financiamento, implementação, monitorização e avaliação dos planos de ação nacionais, com envolvimento formal de todos as partes interessadas, incluindo os farmacêuticos.

Para os farmacêuticos, as novas recomendações incluem o dever de incentivar a imunização em geral (e especificamente para a gripe) e implementar campanhas de educação para saúde sobre a importância de proteger a eficácia dos antibióticos, dirigidas aos prescritores, doentes e setores veterinário e agrícola.
A declaração atribui particular atenção à eliminação dos resíduos e embalagens de medicamentos. Os governos devem desenvolver programas de "devolução e eliminação" de antibióticos não utilizados ou expirados. Os farmacêuticos, diz a federação, devem "assumir a responsabilidade" por esses programas e informar proativamente o público sobre o uso correto e seguro dos antibióticos.